GRUPO FOCAL II – “Desafio das Associações de Regantes no uso eficiente da água”
O projeto "RAISE 2030 - Regadio Mais Sustentável", liderado pela FENAREG (Federação Nacional de Regantes de Portugal), tem como objetivo promover a utilização sustentável do regadio, adaptando-o às alterações climáticas. Este projeto surgiu como uma resposta abrangente para unir os interesses de diversos stakeholders nas atividades relacionadas com a água, gestão hídrica e sua ligação com a agricultura e o mundo rural.
Desta forma, as Associações de Regantes dos diferentes Aproveitamentos Hidroagrícolas, por forma a conseguirem suprir as necessidades de rega dos diferentes territórios a nível nacional, precisam de adotar e implementar práticas inovadoras e diferenciadoras para um uso mais sustentável dos recursos hídricos, que são cada vez mais escassos.
A sessão contou com um total de 50 participantes e teve como objetivo a identificação de boas práticas implementadas pelas Associações de Beneficiários para o uso mais eficiente da água, além de identificar práticas diferenciadoras e as principais barreiras enfrentadas. Esta iniciativa visou fortalecer a gestão da água no contexto agrícola, promover a modernização do regadio e contribuir para a sustentabilidade do setor.
Para uma discussão mais eficaz, devido ao número de participantes, foram criados dois grupos, tendo cada grupo acesso a post-its para agregação dos principais tópicos abordados, sendo necessário no final um porta-voz fazer um resumo das principais conclusões das temáticas em discussão.
IDENTIFICAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS IMPLEMENTADAS
- Re-delimitação dos perímetros hidroagrícolas;
- Recurso a Sistemas de Informação Geográfica;
- Atualização do cadastro do terreno, após a venda de propriedades;
- Aplicação de taxas penalizadoras para um maior controlo da quantidade de água usada pelos agricultores;
- Tirar maior partido da pressão gravítica da rede, ou seja, aproveitar a orografia para pressurizar as redes de distribuição de água (ex.: Idanha, Cova da Beira);
- Captação de água através de sistemas de controlo por comporta das marés;
- Colocação de contadores individuais nas parcelas para maior controlo de volumes e caudais;
- Imposição de dotações de rega por cultura, sempre com base em valores de referência da DGADR;
- Em Assembleia Geral, sempre que as dotações de rega forem ultrapassadas a Associação tem autoridade para limitar o fornecimento de água na parcela;
- Criação de planos de contingência com 3 níveis de medidas, baseados nos volumes de água disponíveis nas barragens à data do início da campanha. Estes planos devem estar sempre associados aos tarifários;
- Comunicação mais presente com o agricultor, através das redes sociais, grupos específicos do WhatsApp ou até mesmo receção de mensagens/alertas através dos dispositivos móveis, numa parceria com os operadores locais;
- Aquisição de drones para atualização da carta agrícola, por forma a melhorar a leitura da fotografia de satélite;
NOVAS PRATICAS PARA MITIGAR AS PRINCIPAIS DIFICULDADES ATUAIS
- Maior eficiência dos sistemas de rega, bloqueada pela falta de conhecimento e sensibilização dos agricultores para a problemática da falta de água;
- Necessidade de limpeza dos rios para haver maior recurso a caudais ecológicos;
- Implementação de barreiras ecológicas nas linhas d’água, para minimizar a criação de lismos e a caída de caniços afetando caudais e a qualidade da água;
- Gestão da recarga de aquíferos e a sua exploração;
- Estudo técnico aprofundado sobre a rega deficitária, que até ao momento não está a ser implementada devido aos bloqueios burocráticos, principalmente nos perímetros onde já é necessário fazer restrição da dotação de rega;
- Maior recurso a sondas de humidade e a estações meteorológicas, essenciais para alcançar uma rega ainda mais eficaz;
- Recurso a APR’s, maior simplificação da legislação inerente e maior investimento público na aquisição das infraestruturas necessárias;
- Mais formação aos agricultores, ligada a:
- Procura de maior financiamento e investimento público, com processos e diretrizes mais otimizados ligados a questões operacionais e burocráticas, principalmente ligados à modernização e revisão dos perímetros hidroagrícolas. A realidade ambiental e a disponibilidade dos recursos hídricos atuais são muito dispares de há 50 anos, sendo urgente a modernização e revisão dos perímetros mais antigos, para minimizar as perdas de água, principalmente os que ainda são em canais.
- Disponibilização de mais apoios financeiros para implementação de energias renováveis por forma a combater os elevados custos da energia;
- Simplificação da legislação, através de sessões de esclarecimento territoriais, da criação de plataformas de acesso rápido e eficaz, disponibilização de técnicos para maior apoio no terreno;
- Criação de boletins informativos/newsletters para maior divulgação de avisos de rega mais objetivos e numa base periódica para uma comunicação constante entre os diferentes agentes de regadio;
- Sessões técnicas entre as Associações de Regantes para otimização e eficiência dos sistemas de rega;
- Acessibilidade a dados por parte dos agricultores e das Associações de Regantes;
- Desenvolvimento e implementação de planos de eficiência hídrica adaptados para as diferentes regiões do país e interligação entre eles, de forma a potencializar os recursos hídricos entre regiões;
- Organização de visitas técnicas a Aproveitamentos Hidroagrícolas europeus, para aquisição de novos conhecimentos e novas práticas para um uso mais eficiente da água no território nacional;
- Criação de modelos de previsão de afluências às albufeiras;
O 2º Grupo Focal de Divulgação representou um marco crucial na procura de soluções inovadoras e eficientes para a gestão sustentável da água no contexto da agricultura de regadio. No âmbito do projeto "RAISE 2030 - Regadio Mais Sustentável," este evento reuniu 50 representantes de Associações de Regantes, destacando-se como um espaço estratégico para discussões profundas e colaborativas.
O diálogo intenso permitiu a identificação de boas práticas implementadas, tais como a re-delimitação de perímetros hidroagrícolas e a aplicação de taxas penalizadoras para o controlo hídrico, entre outras. Estas práticas destacam-se pela sua eficácia na gestão dos recursos hídricos, apesar das inevitáveis dificuldades burocráticas para implementação.
Ao mesmo tempo, os participantes abordaram propostas inovadoras para enfrentar desafios atuais, salientando a necessidade de maior eficiência nos sistemas de rega. Entre as sugestões, destacam-se a gestão da recarga de aquíferos, a utilização de tecnologias como sondas de humidade e estações meteorológicas, e a simplificação da legislação, entre outras.
Este evento não apenas identificou estratégias tangíveis para o uso mais sustentável da água, mas também reforçou a importância do diálogo contínuo entre as Associações de Regantes. As conclusões apontam para a necessidade de implementação prática dessas soluções, sendo essencial o compromisso coletivo para alcançar um regadio verdadeiramente mais sustentável.
Agradecemos a todos os participantes pelo comprometimento e contribuição significativa para este avanço crucial em direção a um regadio mais alinhado com os princípios da sustentabilidade.